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sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

ALBERTO TORRES - O pai da Sociologia brasileira ( século XIX )


 “PROBLEMA NACIONAL BRASILEIRO”.
ALBERTO TORRES ( POUCOS ENTENDERAM A ALMA DO POVO BRASIELIRO como esse grande sociólogo e pensador )
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Este grande pensador fluminense, deixou obras que são um justo título de orgulho para o intelectualismo e para o pensamento brasileiro.
Ninguém, até hoje, falou da nossa história, dos nossos problemas, dos nossos erros, das nossas virtudes e dos nossos deveres com tanta superioridade de entendimento e com tanta força de persuasão.
A sinceridade é o caráter dominante em toda a sua obra, desde quando o autor denuncia e combate o “espírito romântico e contemplativo” brasileiro, tão inútil no nosso esforço de construção social e política, até quando declara que “nas finanças, na administração, na justiça, na ordem política, na moralidade administrativa, na instrução, o declínio é manifesto”.
Dizia o Mestre:
“O nosso país, que nunca se consolidou em nação e em sociedade, é presa de uma das mais escandalosas anarquias, que se chama, entre nós, política, — Ao povo brasileiro, Faltam-lhe o hábito da observação política e o critério da organização. Esse é o imenso mal do nosso país, onde as inteligências não sabem manter, sobre todas as coisas, senão a atitude crítica e a de diletantismo literário, quando o que se nos está impondo é a coragem da iniciativa e da responsabilidade de solver. bastaria para provar-lhe que esta forma de governo, que vem comprometendo a nossa sorte, com a sustentação de uma sociedade de parasitas mantidos pelos cofres públicos ou vivendo à custa dos interesses ilegítimos criados pela organização anti-social da nossa política, e com essa ostentação megalomaníaca de luxos, de vaidades e de grandezas, sem gosto e sem cultura, que se exibe nas nossas cidades, ao passo que a produção permanece em eterna crise, e que não formamos ainda economia nacional, nem para o simples efeito alimentar
Humberto de Campos escreveu recentemente que “Alberto Torres teve, de fato, a previsão de todas as calamidades que tombariam, dentro de vinte anos, sobre o país, e chamou para elas a atenção dos homens públicos. Das eminências em que pairava o seu espírito, ele viu e anunciou as nuvens sinistras que se acastelavam no horizonte. Daniel, em Babilônia, decifrou a Baltazar a verdade das palavras misteriosas. Os generais e fidalgos assírios sorriram, porém, da ameaça do céu. E o resultado aí está: a anarquia política, a anarquia econômica, a anarquia social, o edifício de um país novo desmantelando como as ruínas de um império oriental”.
E conclui o brilhante escritor:
“Durante três lustros o Brasil esqueceu esse grande homem que devia ter sido o palinuro da nau virgiliana dos seus governos.
SABOIA LIMA.

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Nossa história é toda feita dessas sucessivas peregrinações em prol de idéias arbitrariamente concebidas — para as quais caminhamos às cegas, pensando realizá-las de improviso e objetivando-as com o mesmo olhar ingênuo do homem rústico que fosse colocado diante da tela, onde tivesse de pintar uma paisagem.
Nenhum outro povo tem tido, até hoje, vida mais descuidada do que o nosso. O espírito brasileiro é ainda um espírito romântico e contemplativo, ingênuo e simples, em meio de seus palácios e de suas avenidas, de suas bibliotecas e de seus mostruários de elegâncias e de vagos idealismos. Com uma civilização de cidades ostentosas e de roupagens, de idéias decoradas, de encadernação e de formas, não possuímos nem economia, nem opinião, nem consciência dos nossos interesses práticos, nem juízo próprio sobre as coisas mais simples da vida social.
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Quanto à República e às suas obras, a intolerância partidária nunca permitiu, nem a adversários nem a confrades, negar os benefícios e progressos, que atribui ao regime. A simples observação da decadência, a que descemos, nos costumes eleitorais — base do sistema representativo e título dos governos democráticos — bastaria para provar aos mais zelosos defensores da fama da nova “forma de governo”, que vem de azedo pessimismo o desgosto com que muitos repúblicanos desconhecem, nas instituições dominantes, a República que haviam sonhado.
Nas finanças, na administração, na justiça, na ordem política, na moralidade administrativa, na instrução, o declínio é manifesto; e só se compreende que o contestem, justamente, porque o hábito da vida em desordem nos está varrendo dos espíritos os critérios, que formavam a base da nossa consciência social, e, com eles, a própria sinceridade — virtude profunda e ingênita em nossos maiores.
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Na cultura, a decadência da sociedade nacional é evidente. Nunca chegamos a possuir cultura própria, nem mesmo uma cultura geral. As duas primeiras gerações que se seguiram à Independência eram, entretanto, formadas por pessoas com equilíbrio e firmeza. Mas hoje, temos um povo com a mente vaga, fluida, sem nenhum interesse por desenvolvimento de juízos e conduta, onde a superficialidade, a dialética, o floreio da linguagem, o gosto por frases ornamentais, por conceitos consagrados pela notoriedade ou pelo único prestígio da autoridade, substituiu a ambição de formar a consciência mental para dirigir a conduta. O aplauso e a aprovação, as satisfações da vaidade e do amor próprio, fazem toda a ambição dos brasileiros: atingir a verdade, ser capaz de uma solução, formar uma  mente aguçada  e o caráter para resolver problemas, são coisas alheias a nossos estímulos.
Nosso país está hoje transformado em vasto cenário onde se agita um povo que não sabe caminhar, conduzidos uns pela moda, outros pela ambição de efeitos literários, jornalísticos e de tribuna; pela da popularidade, terceiros; pela auto-admiração e cultura de estéreis virtudes passivas e severas intransigências pessoais.
Não temos opinião e não temos direção mental.
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Na economia — eis uma verdade que não temo submeter à contra-prova das mais rigorosas e profundas investigações da estatística e da análise social — toda a nossa aparente vitalidade consta, de extremo a extremo do país, de extração de produtos e de limitado esforço de exploração extensiva, em que a nossa terra vai cedendo tudo quanto possui em riqueza natural, ao alcance da mão ou de rudimentaríssimos processos de trabalho.
Nesta terra, assim saqueada, o comércio, o trabalho estrangeiro e o crédito de usura que possuímos, drenam, em capital, para o estrangeiro quase todo o produto dessa inconsciente e brutal destruição, dando-nos, em troco, gêneros e objetos, que, muitíssimo longe de representar o preço da ruina de que resultam, não deixam, entre nós, em obras e bens voluptuários, senão fração mínima de seu valor.
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O aumento das nossas exportações e importações não traduz senão a expressão da troca dos produtos e dos próprios elementos e forças produtivas das nossas terras virgens, por coisas fúteis, solicitadas pela nossa vaidade, ou que se fazem necessárias justamente por causa da nossa incúria. É um fato que se pôde dar, e que se dá, na exploração de qualquer território selvagem por feitorias estrangeiras. Toda a nossa fictícia circulação econômica é obra, assim, de uma federação de feitorias, que, desde as vendas do interior até às casas de importação e de exportação, as estradas de ferro, as fábricas, o comércio intermediário e os bancos — em mãos, quase totalmente, de estrangeiros — não fazem senão remeter para o exterior, em produtos, lucros comerciais, industriais e bancários, rendas de várias naturezas, a quase totalidade dos frutos da nossa terra. As duas verbas da exportação e da importação equivalem para a nossa economia a verbas de passivo, e de um passivo colossalmente precário e lesivo.
O nosso país precisa, de uma vez por todas, formar um espírito e uma diretriz prática, que o conduza, salvando-o do atravancamento das opiniões e das tendências particularistas e sistemáticas, em que está dividido, a organizar e pôr em movimento as suas próprias forças.

As causas apontadas nestes trabalhos explicam inteiramente a nossa desorganização: o descobrimento e o povoamento por uma nação de qualidades fortes por natureza mas fraquíssima pela estreiteza de seu território, que, comprimida entre as migrações e guerras do continente e a concorrência e as lutas do oceano, entrou, por isso, logo depois do descobrimento, em longo estádio de subordinação e declínio, concentradas todas as suas energias num heróico, e, em grande parte, improfícuo, esforço defensivo; a disparidade da terra colonizada com a terra dos colonizadores, apresentando problemas de adaptação e de cultura, até agora não solvidos; a síncope da evolução política, com a vinda da casa de Bragança.
Destas causas há uma que merece especial destaque. Pertence ao número das mais perigosas ilusões da nossa imaginação, a da riqueza do nosso país.
Em abstrato, a questão da riqueza ou pobreza do nosso território é um problema sem interesse, pela simples razão de que, na prática, a nossa terra é pobre para a sua gente.
De parte a riqueza mineral, que não sabemos explorar, — e que não convém explorar, por inoportuno, no interesse da constituição nacional, — temos, como todos os países intertropicais, uma natureza contrária à exploração agrícola, pelos processos europeus.
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O nosso problema vital é o problema da nossa organização.


quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

A Crise das Falsas Crises no governo Bolsonaro | Conversa com Guilherme Fiuza

A Crise das Falsas Crises no governo Bolsonaro | Conversa com Fiuza



Resultado de imagem para guilherme fiuza  Guilherme Fiúza é jornalista e colunista da gazeta do povo

Augusto Nunes Comenta sobre Zanin

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O casamento com a filha de João Havelange, que reinou por algumas décadas na Confederação Brasileira de Futebol e na Fifa, pavimentou o desvio percorrido por Ricardo Teixeira para sair do anonimato rumo à doce vida de supercartola. Graças ao sogro, chegou à sala do trono no prédio da CBF — e sobraçando os segredos dos cofres saqueados regularmente pelo chefão da vez e seus comparsas. Como retribuir tamanha graça alcançada? Usando a certidão de nascimento da filha, decidiu o genro.
Com a criatividade dos vigaristas, Teixeira revogou o tradição e a menina foi batizada de Joana Havelange. O homenageado se derreteu de emoção. Pai de uma única filha, o sogro não precisaria torcer pela vinda de um menino para eternizar o sobrenome. Joana, que também seria filha única, trataria de preservá-lo quando se tornasse mãe. Até que Teixeira rompesse o casamento, João Havelange vivia repetindo aos amigos que via no genro um filho exemplar.
Cristiano Zanin Martins estaria condenado ao eterno anonimato se não tivesse casado com a filha do advogado Roberto Teixeira, que virou um dos mais queridos amigos de Lula ao ceder-lhe gratuitamente o apartamento em São Bernardo ocupado anos a fio pela família do futuro presidente. Ali Lula descobriu como mora gente rica. Ali também aprendeu que é possível ser dono de imóveis sem perder tempo com regularização de escrituras. Ali acabou por tornar-se parceiro de Roberto Teixeira em negócios suspeitíssimos.
Como alguns desses negócios aconselharam o sogro a não assumir ostensivamente a defesa do amigo no esforço para livrá-lo das descobertas da Lava Jato, o genro virou advogado de Lula. Só por isso está vivendo seus 10 minutos de fama. Deveria ter abdicado do Zanin Martins para batizar algum filho apenas com o sobrenome Teixeira. Seria uma bonita homenagem. E uma forma de compensar o sumiço do Teixeira na certidão de nascimento de Joana Havelange.
Augusto Nunes
Jornalista

Descrição

Augusto Nunes da Silva é um jornalista, escritor e comentarista brasileiro. Atualmente é colunista da Revista VEJA, colunista da Record TV no Jornal da Record, trabalha também na rádio Jovem Pan, sendo comentarista do Jornal da Manhã e do programa Os Pingos nos Is. 
Nascimento25 de setembro de 1949 (idade 70 anos), Taquaritinga, São Paulo
NacionalidadeBrasileiro
Nome completoAugusto Nunes da Silva